Você
não é a minha vida, apesar de fazer parte dela. Você não é minha felicidade
porque fui ensinada e, também aprendi com a vida que não devemos, nem podemos,
colocar nossa felicidade nas mãos de ninguém. É claro que se você estiver
triste isso irá me afetar ou, se brigarmos minha alegria vai se abalar. Você tampouco
é minha cara metade, não acredito nisto. Acredito que podemos nos apaixonar por
diversas pessoas, várias vezes nessa vida. Você não é o ar que eu respiro,
quero e gosto de ser independente, e acredito que você também aprecie isso,
porém nada nos impede de passarmos um bom tempo juntos vez ou outra, até que
seus germes sejam meus germes e meu cheiro se misture com o seu mas, depois eu
volto a ser só eu, sem você. Você não é de modo algum as pernas com as quais eu
caminho, estas são minhas, só minhas, e é com elas que eu trilho meu próprio
caminho, caso contrário como eu teria topado no seu? Você não é meu equilíbrio,
este precisa estar dentro de mim, de modo que eu esteja bem para estar com
você. Você não é minha paz porque paz de verdade é a que a gente encontra
sozinho, é a que a gente tem consigo mesmo. E se algum dia você for embora eu
viro caos por acaso? Você não é minha segurança porque você não pode me proteger
de todos os males e mazelas desse mundo, de todas pessoas ruins, porque elas
existem, não confunda ser meu “porto seguro” com a sensação de segurança, quase
que plena, que tenho quando estou em seus braços, pois no final das contas você
não é apólice de seguro e nem quer ser, certo? O que acontecer de ruim comigo não
é responsabilidade sua, ao menos não deveria ser.
Você
não é “alguém para eu cuidar”, posso até dar pitaco na sua roupa, na sua barba,
arrumar sua cama, seu armário, mas isso é só demonstração de duas coisas: gosto
de andar por aí com alguém bem afeiçoado e odeio bagunça demasiada. Tenho um
instinto maternal aflorado e isso pode por um lado ser bom, pois mostra que
talvez serei uma boa mãe. Mas não busque em mim ou em nenhuma mulher uma mãe,
sua mãe já existe, se não existe mais, paciência não posso substituí-la. O tipo
de cuidado que tenho por você é de outro tipo, evite comparações. Quer comer o
bife com o tempero dela? Vá na casa dela! E se eu estiver lhe tratando como
filho, fazendo as coisas por você coloque freios e limites! Não sou mãe, sou
amante, companheira e amiga e não cuidadora.
Você
não é meu e eu não sou sua. Não somos objetos, você nem eu somos possuidores um
do outro e, a escravidão, pelo menos em grande parte do mundo já acabou. Nos
encontramos, nos queremos bem, nos queremos por perto, algumas vezes até
demais, coisa de começo de relacionamento, normal. Eu te chamo de MEU bem, você
de MEU amor, mas nada disso com conotação de posse.
Você
não é príncipe nem eu sou princesa, tampouco você é sapo que eu transformei em príncipe
ou eu donzela perdida ou mulher da vida, a qual você resgatou. Deixa a
Disneylândia lá, em Orlando, não traz gerúndios pra nossa vida, porque eu não tenho
síndrome de princesa de contos de fadas não. Você é o que é e eu sou o que sou,
te conheci e te quis assim, e vice versa. Adaptar-se ao outro é completamente
diferente de ser alguém o qual ele(ela) idealizou.
Você
não vai me fazer feliz o tempo todo, nem eu a você! Vou dizer coisas que podem,
que aliás, VÃO te magoar, te deixar puto, martelar a tua cabeça, te fazer
gritar, mesmo que sozinho no carro. Também vou ouvir coisas que vão me deixar
mal, p da vida, que vão me fazer ouvir o CD do Coldplay e chorar as pitangas,
que vão me fazer gritar com você ou imaginariamente com você (de frente para o
espelho). Afinal se não brigássemos não teríamos sexo de reconciliação não é
mesmo?
Você
não é perfeito, eu não sou, ninguém é. Mas escolhemos um ao outro com essas
imperfeições não foi? Talvez outras mais apareçam com o tempo e outras até
desapareçam. Se não soubermos mais conviver com nossas falhas combinemos: cada
um pro seu lado.
Você
não é a melhor parte de mim. Você pode até me deixar com o “riso frouxo”, o
humor melhor porque me faz bem e ando fazendo mais sexo. Mas você não tem um
controle remoto que controla minhas qualidades, meu humor, meu querer e meu
ser. O melhor de mim sou eu de bem comigo, você vai ver, todo mundo é assim.
E
algum dia eu posso até dizer alguma dessas coisas a alguém, no auge do ardor,
da paixão, do amor, no ápice da loucura ou do sei lá o que me tome mas, espero
ser o mais sensata que houver de sensatez no meu ser, para diferenciar o que
sinto do que realmente é. Mas se algum dia alguém me deixar e eu esquecer de
respirar ou, me sentir por algum momento que seja, incompleta que tenha um(a)
amigo(a) daqueles(as) sinceros(as) para me saculejar, me esbofetear se preciso
for, para que eu caia na real que sou inteira, aliás sempre fui, sem ninguém, e
que ar nada mais é do que oxigênio- O2.
A
verdade é que eu acho que quem ama sem isso, sem essas prerrogativas, sem esses
dizeres, sem essas denominações, sem essas certezas e convicções ama mais leve,
ama mais tranqüilo e mais realista, não ama mais nem menos, nem certo, nem
errado, só ama e deixa acontecer da forma que A VIDA é pra ser.
“(...)
que seja eterno enquanto dure.”
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